Somos únicos! E inimitáveis. Saímos “melhores que a encomenda”. E somos insubstituíveis. Somos ternos e de fúrias. Delicados e distraídos. Pessoas felizes com dores. Na verdade, somos frágeis. E ingénuos. Crédulos e sensíveis. Guerreiros. Somos audazes, mas atrapalhados. Aprendemos o valor do medo, sempre que crescemos. E a dádiva do mistério, mal acreditamos. Maravilhamo-nos. Somos “furões”; mas fugimos! Construímos histórias e sonhos, sempre que vivemos. E sonhos, sobretudo sonhos, quando nos amedrontamos. Atravessamos paredes e erguemos muros. Comovemo-nos. Somos preguiçosos. Somos brincalhões. E, quase sem dar por isso, assustadores. Somos generosos, claro. Mas birrentos. Capazes do “És tu por mim e eu por ti”. Mas egocêntricos. Cuidamos e somos escutadores. Mas somos descuidados! Matutamos. Engonhamos. “Viramos” o mundo do avesso. E somos apaixonados! Mas – aqui e ali, talvez vezes demais – desamparados. Somos contradições e somos fé. Tanto somos “fezada” como “damos” azar. Somos da família como estranhos. Lemos os olhos e fazemos de “desconhecidos”. Sabemos de nós. Mas é com os outros que sabemos quem somos. Somos únicos. Somos parte e um todo. Diferentes, e parecidos. Vendo bem, “somos fatias”. Da mesma “bola”.
Eduardo Sá