CRÓNICAS & ARTIGOS

O que queremos da vida aos 20, 30, 40, 50…?

Dizem que ‘a vida é curta’. Mas será? As estatísticas apontam para uma esperança média de vida superior a 80 anos. São mais de 700 mil horas, ou seja, mais de 29 mil dias para viver. O nosso nascimento marca o início desta viagem incrível que é a vida, feita de altos e baixos, sentimentos e emoções. Mas uma questão permanece sempre: O que queremos da vida?
Podemos não saber bem e cada fase da nossa vida traz novas perguntas e desafios. Por exemplo, da nossa infância até à adolescência, vivemos encarrilhados num caminho desenhado pela sociedade e pelos nossos pais. São fases de descoberta e aprendizagem importantes para criar as bases do adulto que nos vamos tornar e que ganha autonomia mais perto dos…


… 20 anos. O início da idade adulta, mesmo que para muitos signifique estar ainda a estudar. Esta idade está repleta de novas descobertas, sobretudo ao nível das responsabilidades perante a sociedade. É uma época que pode ser conturbada, onde os erros que cometemos ainda têm solução, mas com os quais estamos cada vez mais sozinhos. Com o crescimento das tecnologias digitais, tudo parece estar à mão de semear. Nunca houve tantas oportunidades para sermos o que sempre sonhámos ser, mas também nunca houve tantas pessoas atrás dessas mesmas oportunidades. Estudar já não parece ser garantia de nada. Há que investir mais, diversificar as nossas skills e estar atento a um mercado em constante mutação. Mas há também que estar atento à vida e aos bons momentos que são legião durante essa época.


E aos 30? O que queremos da vida quando já passámos a primeira fase da vida adulta? A sociedade assume que sabemos o que queremos da vida, mas será mesmo assim? Com tantas oportunidades a surgirem a cada dia, hoje somos uma coisa, amanhã somos outra. Aos 30, procuramos não estagnar numa vida que pode não ser a ideal para nós. E se não for? Queremos ou conseguimos dizer “não, não é isto” e mudar? Abandonar a vida que construímos ou fomos obrigados a construir, e começar de novo? Não é fácil, mas se assim for, os 30 não passam a ser os 20? Onde começámos a vida de ‘adulto’, onde fizemos escolhas, tanto a nível profissional como pessoal. O típico “dar um passo atrás para dar dois à frente”. Recuar 10 anos para não viver mais 50 infeliz. Recuar 10 anos, para chegar aos 80 e dizer “eu levei a vida que realmente quis”.


E aos 40? Sim, o que queremos quando chegamos aos “enta”? Dizem que “os 40 são os novos 20″, mas queremos mesmo o queríamos aos vinte? Queremos começar uma carreira ou continuar a investir na que temos? Queremos ir atrás de uma paixão assolapada a seguir à outra ou viver um amor para toda a vida? Não podemos querer as duas coisas? Nos 40, parece que voltamos a viver, sentimos que estamos a meio e queremos aproveitar enquanto temos todas as possibilidades para o fazer.
Os tempos mudaram. Não é clichê, mudaram mesmo, são mais flexíveis e menos tradicionais. Há espaço para cometer loucuras, procuramos o desconhecido, o excitante e o que é novo. Se nunca fez, não quer dizer que não pode fazer! A rotina e a agenda vão fazer-lhe frente, mas se fosse fácil… não é? Este é o momento para ser diferente e para fazer o que ainda não foi feito. Há uns anos atrás, não era bem assim…


De repente temos meio século. Chegamos aos 50 e o que queremos da vida com 5 décadas? 
Ainda temos muita energia, ainda queremos explorar o mundo. Sabemos o que queremos e dedicamos mais tempo ao que gostamos de fazer. Já não fazemos fretes. Queremos ser respeitados, dar o melhor aos nossos e fazer tudo o que ainda podemos fazer antes que os “problemas da velhice” apareçam. A última geração de adulto, a caminho da 3ª idade. É tempo de viver! É isso que os “cinquentões” querem.


Os 60 chegaram. Estamos na terceira idade. Sim, é oficial. E agora, o que queremos da vida? Colher frutos de uma vida, esperamos nós, já bem encaminhada. Começamos a contar os anos para a reforma… já só queremos passear, comer bem e estar com a família. Queremos paz e saúde! Paz não significa estar sentado num sofá a ver os programas da manhã todos os dias, mas sim estarmos bem connosco, com a nossa vida, com os nossos. Saúde para que aquelas dores “ali e acolá” tardem a aparecer. É preciso cuidar da saúde antes de chegarem a esta idade. Vai ajudar muito. 
Acabaram-se os complexos. Vamos viver mais para nós e pensar que era sempre assim que o devíamos ter feito. Não é tempo de lamentarmos que perdemos demasiado tempo com coisas banais. Que banalizamos coisas importantes. Com a idade, aprendemos que mais importante do que o queremos da vida, é o que não queremos dela. 

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