CRÓNICAS & ARTIGOS

Educar entre a razão e o coração

Conseguir educar uma criança é provavelmente o maior desafio que qualquer um pode ter. Porque não existe um guia predefinido ou uma solução milagrosa que funcione em todos os casos. Cada caso é um caso e cada família uma família. Mas existem princípios básicos que são universais. Entre eles, a noção de que nada se consegue sem uma mistura de amor e disciplina. A disciplina é um componente essencial da educação, pois é através dela que podemos moldar o temperamento de cada criança e levá-la a conseguir atingir o seu máximo potencial. Mas é também o componente que leva muitos pais e mães ao desespero. Algumas crianças são mais fáceis, outras mais difíceis e seguramente que todas passam por fases em que parecem insuportáveis. E por isso muitos pais desistem da disciplina deixando os dias correr e a criança fazer e comportar-se como bem entende. Pensam que estão a agir bem e para o bem dos seus filhos, mas é puro engano. Com o tempo verão que aquela criança não é feliz e não fica preparada para uma vida adulta e responsável. Outros têm medo de que a disciplina possa afectar negativamente a sua relação com os filhos mas esquecem-se de que, pior do que isso, é essa relação basear-se em conceitos errados e viver na ausência de valores. E ainda há pais que, no extremo oposto, adoptam a postura do quero, posso e mando, numa tentativa de, pela força, conseguirem o que querem, mas apenas conseguem crianças obedientes mas revoltadas e em permanente tensão. 

Mas educar não passa apenas por estabelecer regras, impor limites, colocar de castigo ou retirar privilégios, quando isso é preciso. Os nossos filhos devem ser estimulados quando se comportam como esperamos, da mesma forma que são repreendidos quando o seu comportamento é inaceitável. Desta forma se molda o comportamento e se permite que adquiram, com o tempo, a noção do que é um comportamento aceitável e pretendido pelos seus pais, familiares e amigos. 

Mas se tudo isso é necessário, temos de ter consciência de que são apenas peças de um puzzle muito maior. Se a criança sentir que a amamos e se viver connosco momentos de grande prazer, tudo o resto será mais fácil. Amor e diversão são os catalisadores da disciplina. Com eles presentes, tudo o resto virá naturalmente.

Se parar um pouco para pensar, no meio das mil e uma tarefas que tem programadas para hoje, para esta semana, ou para este mês, que tal lembrar-se de quantas vezes, nos últimos tempos, disse ao seu filho ou filha, o quanto gostava dele ou dela? O turbilhão em que se encontra a nossa vida, deixa por vezes pouco espaço para uma manifestação genuína dos sentimentos, mesmo perante aqueles de quem mais gostamos. Muitos pais e mães, apesar de amarem os seus filhos, preocupam-se em demasia em os “educar” ou “disciplinar”, vivendo os momentos em conjunto numa disputa pelo poder, por quem pode mandar e quem deve obedecer. Por vezes, tudo o resto é esquecido. Ou é assumido como verdadeiro e inquestionável, e portanto opcional de ser mencionado. Puro engano.

A maioria dos pais e mães, não utiliza tempo suficiente para comunicar o seu amor pelos seus filhos. Para muitos deles, todo o trabalho que os filhos dão, todas as arrelias, tristezas, angústias, todo o tempo perdido no trânsito, o tempo a ajudar a completar os trabalhos de casa, a fazer o jantar, a levar e trazer de festas de amigos e um sem fim de outras tarefas, são mais do que suficientes e falam por si. É óbvio que a criança sabe que gostamos dela. Errado: as tarefas não falam por si. 

Apesar de todo o empenho, é preciso que os pais redescubram o poder e a alegria da comunicação. “Gosto muito de ti”, um beijo, um abraço, um recado simpático no espelho da casa de banho, uma nova fotografia da família à cabeceira da cama, são indispensáveis para cimentar a ligação afectiva entre as crianças e os seus pais. Seja criativo na forma como demonstra o carinho e o amor pelos seus filhos. Tudo isto faz parte de ser família.

Paulo Oom

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