DICAS

Os lacticínios e a roda dos alimentos

Ar, água, comida: necessidades básicas de todos. E da melhor qualidade, é o nosso ideal. Em cada casa há alguém que toma conta da maioria das compras, que programa as refeições no dia-a-dia. Uma forma simples de garantir que a alimentação seja “Variada, Completa e Equilibrada” será ver se o nosso carrinho no supermercado reflete a nova Roda dos Alimentos Mediterrânica, que inclui alimentos de produção local e que respeitem a sazonalidade.

Este guia diz-nos que 3/4 dos alimentos devem ser de origem vegetal: cerca de metade frutas e hortícolas, um terço de farináceos (cereais e tubérculos), além da presença diária de leguminosas e de gorduras como o azeite. Faz algum sentido, se pensarmos que os vegetais são mais fáceis de cultivar e colher do chão, enquanto a carne e pescado têm de ser apanhados. E é por isso que o grande grupo dos alimentos de origem animal da Roda dos Alimentos é o dos laticínios – e não a carne, pescado e ovos, como muitos pensam. 

Quando olhar para o seu carrinho no supermercado, lembre-se que os lacticínios devem contar para cerca de 1/5 do peso diário dos alimentos, ou seja, mais do triplo do grupo da carne, pescado e ovos, que não devem passar os 5% do total ingerido num dia. 

Pelas origens do queijo

Há já 11 milénios que os povos do Neolítico encontraram nos animais ruminantes (vaca, cabra, ovelha…) excelentes aliados, que, bem cuidados e acarinhados, nos dão diariamente os nutrientes tão necessários. Esta relação tão antiga mantém-se até hoje: levar os animais às pastagens mais verdes no tempo bom, e proteger do inverno, alimentando-os com cereais guardados para este fim. Em troca, dão-nos leite, fonte de proteínas de excelente qualidade, que permitem construir e renovar o nosso organismo, evitando a obrigação de caçar para sobreviver.

Antes do aparecimento do gene que permite aos adultos digerir lactose como quando eram crianças (que está presente em 70% dos portugueses), o engenho humano tinha já descoberto que se deixasse o leite fermentar, obtinha iogurte, quase isento de lactose, bem tolerado por adultos. E ao separar o leite coalhado do seu soro, deixando-o a curar, obtinha-se o queijo, 10 vezes mais concentrado que o leite, e incomparavelmente mais estável, o que permitiu adiar o seu consumo em meses desde a sua produção. A descoberta de cinchos de cerâmica com 7.000 anos, em que os furos para retirar o soro têm marcas de proteínas do leite, mostra esta tradição de transformar leite em queijo permite guardar e transportar esta rica fonte de proteína com segurança, seja para um simples dia na lavoura, ou até nas migrações sazonais dos povos. O queijo é parte integrante da fundação da nossa cultura europeia, permitindo a migração dos povos desde o Crescente Fértil, no Médio Oriente, até nós, neste canto da Península Ibérica, e chegando depois aos países nórdicos. 

O papel da ida às compras na nutrição

De volta das compras, tente sempre que o carrinho represente a Alimentação Mediterrânica, património da Humanidade, com muitos hortofrutícolas, coloridos e da época, com pão de qualidade e cereais pouco refinados, com leguminosas diariamente, estando sempre presentes os laticínios, nomeadamente o queijo, em quantidades moderadas: nem a mais, nem a menos. O consumo de pescado deve ser frequente e o de carnes vermelhas baixo, tudo bem temperado com azeite e ervas aromáticas, e acompanhado por água (vinho só às refeições e sem exageros).

Hoje a vida está bastante facilitada, e trazer alimentos lá para casa é bem mais simples, mas a verdade é que o corpo humano é praticamente igual, e os alimentos de que precisa também são os mesmos. O leite e derivados continuam a ser excelentes fontes de cálcio e fósforo, importantes para ossos e dentes, e zinco, além de vitaminas A, B2 e B12 e ác. fólico. 

Cuidar dos nossos é importante, e dar-lhes o que precisam para crescer e viver com qualidade é essencial. Neste mundo acelerado, se pudermos escolher alimentos tradicionais, ricos em nutrientes, saborosos e práticos para as várias refeições do dia, estaremos a conseguir o melhor dos dois mundos.

Maria Paes de Vasconcelos

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